quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Avaliação na Escola Organizada Por Ciclos de Formação Humana




Governo do Estado de Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação
Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da 
Educação Básica - CEFAPRO de Tangara da Serra
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SEMANA PEDAGÓGICA
DISCUSSÃO DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
AVALIAÇÃO



TANGARÁ DA SERRA – MT Janeiro 2010
Sérgio Andrilho Bersani. sabtga@gmail.com


A Aprendizagem Escolar
Entendendo os mecanismos de aprendizagem, como o homem assimila, constrói, cria e aplica os conhecimentos. Em que consiste a aprendizagem.
A aprendizagem em sentido geral é o processo através do qual o homem se apropria do conteúdo da experiência humana, de tudo aquilo que seu grupo social conhece. Para que a aprendizagem aconteça é necessário que o individuo interaja com outros seres humanos, especialmente os mais experientes. Os conhecimentos novos deverão ser interiorizados, apropriados e re-elaborados ativamente pelos indivíduos, que os utilizarão em sua vida e poderão ressignificá-los conforme sua necessidade e criatividade.
A aprendizagem escolar deve ser um processo de assimilação, apropriação e construção significativa, criativa e crítica de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, que deverão ser organizados e orientados pelo professor no processo de ensino. O professor é fundamental nesse processo, pois cabe a ele planejar e organizar as interações entre professor-alunos-conteúdos e suas aplicações práticas e significativas.
O individuo deverá assimilar o objeto do conhecimento a uma estrutura cognitiva, conferindo-lhe significado, nesse sentido pode afirmar, que o individuo que aprende tem um papel ativo no processo de assimilação dos conteúdos e experiências vivenciadas, internalizando as diferentes formas de linguagens e experiências, fixando na memória e sistematizando os elementos simbólicos e vivenciados, construindo e desenvolvendo suas estruturas de conhecimento simbólicas, sensoriais e motores.
A aprendizagem desenvolve-se de diversas formas, métodos e técnicas, apresentando distintas qualidades, ou características predominantes ao longo do processo. Podemos destacar algumas dentre elas a receptiva, reprodutiva, produtiva e criadora, essas formas ou características, ou qualidades do processo de aprendizagem devem ser compreendidas como momentos de um processo que envolve várias dimensões. A ação de aprender é determinada pela estrutura lógica do objeto ou conteúdo de estudo, a aprendizagem não é de caráter único, mas um acontecimento processual que tem caráter ativo do sujeito.
• Aprendizagem receptiva se da quando o aluno ouve ou lê, acompanha e assimila o conteúdo e a estrutura lógica de uma exposição didática de conhecimentos científicos ou filosóficos, seja ela escrita ou apresentada oralmente pelo professor ou outra pessoa. Neste tipo de aprendizagem a importância do professor e do material didático disponível é significativa, pois, problematizando, contextualizando, relacionando, comparando, dialogando com os alunos, o professor e o material didático elaborado possibilitarão que a aprendizagem seja receptiva.

• Aprendizagem reprodutiva quando o aluno reproduz um conceito assimilado, ou uma ação, fazendo exercícios de detalhamento, de apreensão, de compreensão e de memorização dos conteúdos estudados. Apesar de reprodutiva não implica necessariamente ser passiva e mecânica, mas que pode e deve ser ativa e reflexiva, e ai, novamente, a atuação, a criatividade, o planejamento o compromisso do professor com o desenvolvimento intelectual e emocional de seus alunos, o tipo de atividades serão determinantes no tipo de aprendizagem. O professor deve problematizar as atividades de forma contextualizada e desafiador.

• Aprendizagem produtiva ao adquirir um conhecimento novo, ao deduzir uma conclusão e apresentá-la ao restante dos colegas, ao aplicar os conhecimentos elaborando um painel, um relatório, um texto, uma interpretação, participando de uma discussão, apresentando e debatendo num seminário.

• Aprendizagem criadora quando o aluno apresenta um problema novo, descobre fatos ou relações novas, cria um texto coerente com conclusões que ainda não tinham sido apresentadas ou discutidas pelo professor ou pelo material didático, quando cria e apresenta para o grupo uma expressão artística compreensão de sua autoria, ou quando cria e apresenta um exemplo interessante, significativo e inédito.

Essas formas ou características, ou qualidades, do processo de aprendizagem, devem ser compreendidas como momentos de um processo complexo que envolve várias dimensões, fases, interações e elementos. Em sentido geral é possível dizer que essas qualidades da aprendizagem são momentos do movimento dialético do processo de interações entre o nível de desenvolvimento real e o potencial do aluno. Portanto, aprender significa dominar os conhecimentos sobre determinados assuntos e saber utilizar esses conhecimentos para os mais diversos objetivos e nas mais variadas situações.

Avaliação na Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana em Mato Grosso
A educação é um processo em movimento através do qual o Ser Humano se constitui, estabelecendo instrumentos, artefatos, normas, códigos, etc. Este desenvolve-se durante toda a vida, enfatizando a avaliação como um dos instrumentos da educação, sendo considerado um processo natural do homem, que estando consciente ou inconscientemente, sempre estará avaliando e se avaliando. As ações, atitudes, gestos e pensamentos, estes mediados por processos internos de avaliação.
A avaliação da aprendizagem deve ser sistematizada partindo-se de uma postura dialética, tratando a avaliação com um caráter diagnóstico. Para isso, são analisadas construções dos educando produzidas durante todo o processo de construção do conhecimento.

• Quem avaliar?
• Quando avaliar?
• Como avaliar?
• Para que avaliar?

Quem avaliar? Claro que ainda o foco é somente o aluno, mas agora com outro olhar, concebendo-o como um ser social, ou seja, inconcluso e estando na condição de potencial.
Quando avaliar? Os procedimentos avaliativos devem ser contínuos, globais e cumulativos, pois a avaliação é diária.
Como avaliar? Devem-se ter objetivos estabelecidos e claros. Também, deve existir o fator principal, o comprometimento com a prática avaliativa nos momentos planejados pelo professor (provas, testes, atividade individuais ou de grupos) mais as situações informais, ocorridas no cotidiano da sala de aula e que também se utilizam para essa finalidade de constituir-se em avaliação formativa.
Para que avaliar? Ao praticá-la, pode-se diagnosticar e adequar as metodologias a serem socializadas e definir os procedimentos significativos.

• O professor deve assumir a responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do aluno, promovendo o movimento, favorecendo a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no responder e construindo novos saberes juntos com os alunos (HOFFMANN, 1994).Os professores têm importante função no processo avaliativo, pois são eles que o organizam de acordo com a sua interpretação sobre as respostas e o desempenho dos alunos que, devido à grande diversidade cultural, tornam ainda mais complexo o processo avaliativo. Se a avaliação for apenas pontual, com aplicação de um instrumento, os resultados obtidos pelos alunos não indicam seus conhecimentos ou a forma como os construíram, apenas explicará o fracasso ou sucesso escolar, norteando uma inclusão ou exclusão.
A escolha dos instrumentos de avaliação não pode ser aleatória, devendo estar atrelada ao planejamento de ensino e aos objetivos que se pretende alcançar. É preciso que o professor tenha clareza sobre: como, quando, para quem e para que avaliar, se o interesse é verificar não somente o produto das aprendizagens, mas também o decorrer de todo o processo, a articulação de vários instrumentos se fazem necessários como, por exemplo: o caderno de campo, a auto-avaliação, o mapa conceitual, o portfólio ou pasta avaliativa, a observação, a entrevista, as provas, as discussões coletivas, o conselho de classe, dentre outros.
Propor a substituição da nota pelos pareceres descritivos e relatórios de desempenho, é dar um salto qualitativo na compreensão e interpretação do fenômeno da construção do conhecimento, é compreender o aluno como ser único, que não pode ser julgado e avaliado com parâmetros que não sejam relacionados às suas características.
• Avaliar para promover a cidadania do aluno, como um sujeito digno de respeito, ciente de seus direitos e que tenha acesso a todas as oportunidades que a vida social possa lhe oferecer (HOFFMANN, 2001).
Uma grande questão é que avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Nós somos o quê sabemos em múltiplas dimensões. Quando avaliamos uma pessoa, nos envolvemos por inteiro - o que sabemos o que sentimos o que conhecemos desta pessoa, a relação que nós temos com ela, e é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para que ele transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente necessárias.
Em primeiro lugar, o sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem está se relacionando. Avaliar é muito mais o aluno, é reconhecê-lo como uma pessoa digna de respeito e de interesse, em segundo lugar, o professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno. Nesse sentido, o professor se torna um aprendiz do processo, pois se aprofunda nas estratégias de pensamento do aluno, nas formas como ele age, pensa e realiza essas atividades educativas. Só assim é que o professor pode intervir ajudar e orientar esse aluno.
Avaliação Mediadora.
Como desenvolver na escola uma avaliação mediadora?
• Primeiro passo é uma avaliação a serviço da ação:
Toda investigação sobre a aprendizagem do aluno é feita com a preocupação de agir e de melhorar a sua situação.
• Segundo passo é a avaliação como projeto de futuro:
Olhar para o passado e não se preocupa com futuro. Em uma cultura avaliativa mediadora, por exemplo, 20% do tempo em que os professores estiverem reunidos em conselho de classe eles irão discutir o que vem acontecendo com seus alunos e, no restante do tempo, vão encaminhar propostas pedagógicas para auxiliar os alunos em suas necessidades.
• Terceiro passo é a avaliação como reconhecimento do aluno:
A fundamentação ética a avaliação muito mais que conhecimento de um aluno é o reconhecimento desse aluno. O professor deve ter seu trabalho voltado a todos em geral, cada aluno é importante em suas necessidades, em suas vivencias.

A LDB estabelece que o qualitativo deva prevalecer sobre o quantitativo, e esse qualitativo não pode ser expresso em números, mas sim em relatórios e notas - termo este, que se refere a anotações. O aluno precisa ser acompanhado a partir de muitos registros, que representam a memória de sua aprendizagem.
Dentre as diretrizes legais do ensino fundamental, insere-se o sistema de progressão continuada, e acompanhamento dos alunos através de relatórios descritivos do acompanhamento escolar. Há, entretanto, muita resistência de professores e pais sobre a validade do relatório em avaliação, muitos preferem o sistema classificatório por notas.
Relatório de avaliação, ao contrario do sistema d notas e conceitos, permitem a todos conhecer e refletir sobre caminhos diferentes percorridos pelos estudantes de todas as idades. Ao mesmo tempo, retratam o interior das salas de aulas, revelam concepções e juízos de valor dos professores, favorecendo a melhoria da ação educativa nas escolas e a melhor aprendizagem dos alunos.
O conjunto de anotações que se constitui sobre um estudante, com base em pressupostos mediadores, dinamiza e aperfeiçoa o acompanhamento individual, retirando os alunos do anonimato dos números e elevando-os á condição de pessoas, sujeito de uma história única.
• Na perspectiva mediadora da avaliação, ao contrário, acompanha-se para “entender, observar a evolução, refazer o processo junto ao aluno, propor-lhe novos desafios (mediação)”. Daí porque, nesta outra perspectiva, os relatórios descritivos e/ou dossiês, tornam-se essenciais á prática avaliativa (Hoffmann,1993; 2001; Godoi, 2004).
O que está em jogo, em termos dos registros em avaliação, é a consistência da memória do professor sobre cada aluno, que irá possibilitar-lhe ou não uma ação intencional e diferenciada sobre suas manifestações singulares de aprendizagem. Para isto é preciso fazer muitas anotações, e de posse destas anotações estabelecerem diálogos constantes entre os professores e alunos.
• O que se pretende, justamente é garantir que cada educador, por meio do agir reflexivo, seja autor/reconstrutor das práticas educativas/avaliativas (Schön, 2000).

Portanto avaliar é, sem dúvida, estar vivo. Viver e conviver em sociedade pressupõe atividades avaliativas. Essa realidade também abrange a educação e seus processos formativos, que necessitam ser a todo tempo avaliados em sua forma, efeito, método e em relação ao desempenho dos alunos. Através desse artigo pode-se ressignificar a prática avaliativa norteada pelos estudos de Jussara Hoffmann e compreender o processo de avaliação, debruçando-se sobre os objetivos, o porquê, e como acontece, visando sempre a uma educação formativa e nunca um meio de exclusão. A avaliação deve ter seu sentido ampliado, isto é, o de ser uma alavanca do progresso do aluno, um sistema de informação sobre o andamento do processo ensino-aprendizagem, sobre dificuldades, falhas, necessidades de revisão, reforço etc. A avaliação assume uma dimensão orientadora, pois permite que o aluno tome consciência de seus avanços e dificuldades, para continuar progredindo na construção do conhecimento.









Referências.
Hoffmann, Jussara Maria Lerch
Avaliar: respeitar primeiro, Educar depois - Porto Alegre: Mediação, 2008.
Geraldo, Antonio Carlos Hidalgo
Didática de Ciências Naturais na perspectiva histórica - critica – Campinas, SP: Autores Associados, 2009. – ( Coleção formação de professores).

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